Redação do Site Inovação Tecnológica - 22/05/2015
Computação à base de DNA
Muitos acreditam que os biocomputadores, com processadores à base de DNA, poderão ajudar a superar os limites práticos da computação convencional à base de silício.
Cientistas chineses, adeptos dessa linha, apresentaram progressos nessa direção com o que eles chamam de "GPS baseado em DNA", um bioprocessador capaz de calcular a melhor rota entre dois pontos.
Jian-Jun Shu e seus colegas da Universidade Tecnológica de Nanyang afirmam estar explorando o uso de DNA pela sua programabilidade, pelo seu tamanho minúsculo e também pelo seu "potencial de velocidade".
Processamento paralelo
Até agora já foram demonstrados circuitos de DNA capazes de armazenar e processar informações, inclusive realizando algumas tarefas básicas de computação. Mas nenhum deles se destaca pela velocidade.
Shu aposta que o processamento rápido poderá vir com o paralelismo permitido pela computação com o material genético.
Para demonstrar esse "potencial de velocidade", a equipe construiu um processador de DNA que executa duas tarefas de computação ao mesmo tempo.
Em um mapa de seis locais e vários caminhos possíveis, o bioprocessador calcula as rotas mais curtas entre dois pontos de partida diferentes e dois destinos, solucionando um dos problemas mais difíceis da computação clássica, o chamado problema do caixeiro-viajante.
GPS de DNA
A equipe afirma que, além da simplicidade e rapidez do seu computador de DNA - em relação a outros processadores baseados em DNA - seu sistema poderia ajudar os cientistas a entender como o "GPS interno" do cérebro funciona.
"Como um exemplo da capacidade multitarefa, apresentamos um processador in vitro à base de DNA, programável para o planejamento ótimo de rotas, similar às unidades funcionais incorporadas nos atuais sistemas de navegação," escreve a equipe.
"O novo processador programável de DNA tem várias vantagens em relação aos métodos existentes à base de silício, tais como o armazenamento maciço de dados e o processamento simultâneo, usando muito menos materiais do que os dispositivos convencionais de silício," concluem.
Embora a demonstração do paralelismo real na computação à base de DNA seja importante, o dispositivo ainda continua limitado em termos de velocidade: todo o processo de eletroforese necessário para calcular a melhor rota entre os dois pontos leva uma hora e meia.
Mas a computação de DNA não necessariamente deverá concorrer com a computação de silício: ela pode, por exemplo, executar programas dentro de células vivas, algo que não exige velocidades extremas e que não pode ser feito com chips convencionais.