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Plantão

A cientista que partiu da teoria para a prática

Com informações da Agência USP - 18/09/2012


Façam alguma coisa

Em 2010, a revista norte-americana Time divulgou sua lista anual das pessoas mais influentes do mundo.

Entre os nomes estava Amy Smith, criadora do Encontro Internacional de Design para o Desenvolvimento Social (International Development Design Summit - IDDS na sigla em inglês) e pesquisadora do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT).

Ele esteve em São Paulo, na Escola de Artes, Ciências e Humanidades da USP, onde contou que a ideia de realizar o IDDS surgiu de uma frustração.

Ela percebeu que quando participava de conferências acadêmicas, sempre se via diante de pessoas muito inteligentes, todas reunidas em uma mesma sala.

Mas eram pessoas que apenas falavam; entretanto, ninguém fazia nada.

Então ela decidiu criar uma conferência diferente, onde seriam apresentadas coisas reais, como protótipos, e não artigos científicos. E assim surgiu o IDDS.

Indo a campo

As primeiras edições ocorreram em 2007 e 2008, no MIT. Um dos primeiros protótipos apresentados foi uma máquina de processamento de grãos movida a pedais. Isso mostra o caráter "mão na massa" presente nos encontros.

Outro aspecto é dar lugar a "tecnologistas" e não exatamente "tecnologias".

"O importante desses encontros não é apenas aquilo que os participantes fazem durante o IDDS, mas principalmente depois, quando eles retornam para suas casas e comunidades", declarou Amy Smith.

Após esses dois encontros, percebeu-se que era importante ter o feedback dos moradores. Mas eles estavam a quilômetros de distância.

Então, decidiu-se ir a campo e, para isso, em 2009, o IDDS foi realizado em Gana, na África Ocidental, na Universidade de Ciência e Tecnologia Kwame Nkrumah, onde o foco do trabalho foi a cocriação: designers e usuários trabalharam juntos.

Segundo Amy, foi possível perceber como é diferente ir até as comunidades conhecer as realidades dos moradores, conviver e conversar com eles.

Formando empreendedores

Ao mesmo tempo, também percebeu-se que muitas das tecnologias e protótipos desenvolvidos não eram distribuídos para outras pessoas, nem tinham continuidade.

No ano seguinte, em 2010, a sede do IDDS foi a Universidade do Estado do Colorado, nos Estados Unidos, com o objetivo de transformar os protótipos em produtos reais, negócios e empreendimentos. A ideia era estudar meios de criar um impacto maior para a disseminação desses projetos.

Em 2011, o IDDS ocorreu novamente em Gana. A intenção era criar tecnologias que pudessem levar à geração de negócios.

Um dos exemplos da tecnologia criada na ocasião é um carregador de celular de baixo custo para ser usado em aldeias sem energia elétrica.

"Uma mulher não queria voltar para a sua aldeia sem levar um desses carregadores", contou a idealizadora do IDDS, lembrando que um empreendedor poderia começar um negócio próprio carregando celulares.

Comunidade de inovadores

Todos esses encontros realizados pelo IDDS já criaram uma comunidade de mais de 200 inovadores de 32 países que foram responsáveis por desenvolver mais de 40 protótipos de tecnologia ou negócios sociais, todos voltados para comunidades carentes.

Além do carregador de celular de baixo custo também já foram desenvolvidas soluções tecnológicas como: um protetor de mamilo que diminui as chances de transmissão do vírus da AIDS entre a mãe e seu bebê e um empreendimento de irrigação para que pequenas propriedades agrícolas em Bangladesh tenham abastecimento regular de água para suas propriedades e de seus vizinhos.

Alguns projetos do IDDS vão adiante e acabam tendo continuidade. Entretanto, todos os participantes entendem o processo de cocriação e podem se transformar em designers e inventores.

Segundo o especialista em inovação social e o empresário social americano Paul Polak, autor do livro Out Of Poverty (Fora da Pobreza) "estima-se que 90% dos profissionais de tecnologia e design dedicam seus esforços criativos ao desenvolvimento de produtos voltados aos 10% mais ricos da população mundial".

Um dos focos do IDDS é exatamente romper com esta barreira. Pelos projetos inovadores e inventores que surgiram até agora, eles estão no caminho certo.

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