Redação do Site Inovação Tecnológica - 28/09/2021
Painéis solares transparentes
Apesar de todas as expectativas com as células solares orgânicas, caracteristicamente flexíveis e transparentes, ou quase, você não vê por aí muitas janelas ou fachadas de edifícios capazes de produzir eletricidade.
A razão para isso é que essa tecnologia de energia solar, também conhecida como "células solares de plástico", tem sérios problemas de durabilidade, o que exigiria gastos enormes em sua reposição poucos anos após a instalação.
Agora, finalmente, essa área de grande potencial parece ter razões suficientes para comemorar.
Yongxi Li e seus colegas da China e dos EUA criaram uma nova célula solar orgânica que pode alcançar uma vida útil de até 30 anos, de acordo com extrapolações dos testes realizados pela equipe.
Aceitadores
A força e a fraqueza das células solares orgânicas estão nas moléculas que transferem os elétrons gerados pelos fótons do Sol para os eletrodos, os pontos de entrada para o circuito que usa ou armazena a energia.
Esses materiais são conhecidos como "aceitadores não-fulerenos", para diferenciá-los dos mais robustos, mas menos eficientes, "aceitadores de fulereno", feitos de uma malha de carbono em nanoescala. As células solares feitas com aceitadores não-fulerenos que incorporam enxofre podem atingir eficiências de até 18% na conversão fotoelétrica, rivalizando com o silício, mas não duram tanto.
Ao estudar a fundo a natureza da degradação dos aceitadores não-fulerenos, tipicamente causada pelos fótons de mais alta energia (ultravioleta), a equipe constatou que os danos são localizados.
Durabilidade e transparência
Para resolver o problema, os pesquisadores bloquearam a luz ultravioleta adicionando uma camada de óxido de zinco - um ingrediente dos protetores solares - no lado da célula que fica voltado para o Sol. Isso ajudou a conduzir os elétrons fotogerados para o eletrodo, mas também danificou o absorvedor solar, efeito que Li anulou adicionando uma camada monoatômica de um material à base de carbono.
A equipe então testou suas novas defesas sob diferentes intensidades de luz solar simulada, desde o típico 1 sol até a luz de 27 sóis, e temperaturas de até 65 ºC. Ao analisar como o desempenho se degradava nessas condições, a equipe extrapolou que as células solares ainda estariam funcionando com 80% de eficiência após 30 anos de operação.
O próximo passo será reconquistar a transparência perdida com esses novos revestimentos protetores. Os protótipos atuais têm 40% de transparência, mas a equipe acredita poder chegar a 60%.