Redação do Site Inovação Tecnológica - 19/09/2022
Só um femtossegundinho, por favor
Você já imaginou uma câmera capaz de capturar um quatrilhão de quadros por segundo?
Yusuke Arashida e colegas da Universidade de Tsukuba, no Japão, não apenas imaginaram, como construíram uma.
Eles usaram um arranjo inovador, mas curiosamente simples, para dar a um microscópio eletrônico de tunelamento a capacidade de capturar imagens em sequência a cada 30 femtossegundos (10-15 segundo).
Usando técnicas de lasers pulsados ultrarrápidos, a equipe melhorou a resolução temporal da captura de imagens, passando pela primeira vez da casa dos picossegundos para os femtossegundos, o que pode aumentar muito a capacidade de estudar processos extremamente rápidos, como os processos celulares ou a fotossíntese.
Câmera ultrarrápida
Para a maioria das aplicações, incluindo gravar vídeos curiosos para o Youtube, uma câmera capaz de gravar quadros em um picossegundo - 1 trilionésimo de segundo - já é muito mais rápida do que o necessário.
No entanto, para os cientistas que tentam entender a dinâmica ultrarrápida dos materiais, como o rearranjo de átomos durante uma transição de fase ou a breve excitação de elétrons, isso pode ser dolorosamente lento.
"Na matéria condensada, a dinâmica geralmente não é espacialmente uniforme, mas é fortemente afetada por estruturas locais, como defeitos de nível atômico, que podem mudar em escalas de tempo muito curtas," acrescentou o professor Hidemi Shigekawa, coordenador da equipe.
Bomba-sonda
A equipe projetou um microscópio de corrente de tunelamento baseado em um método que eles chamam de bomba-sonda, que pode ser usado em uma ampla variedade de tempos de retardo entre as coletas das imagens.
Nesta técnica, um laser de "bombeamento" é usado para energizar o material, seguido rapidamente por um laser "sonda", que faz a medição. O tempo de retardo é controlado por espelhos móveis que alteram a distância que o feixe da sonda deve percorrer. Na velocidade da luz, isso se traduz em tempos de retardo da ordem de femtossegundos.
Os pesquisadores preveem que essas câmeras-microscópio irão ajudar em uma ampla gama de aplicações da ciência dos materiais, como projetar novas células solares ou dispositivos eletrônicos em nanoescala.