Redação do Site Inovação Tecnológica - 03/12/2022
Buracos de minhoca
Os buracos negros nasceram como possibilidades matemáticas demonstrados por equações, e só muito mais tarde os astrônomos partiram para a demonstração observacional de sua existência.
Acontece que a matemática que demonstra a existência dos buracos de minhoca é igualmente forte e bem fundamentada - e contando agora com o suporte de um buraco de minhoca atravessável simulado em um computador quântico.
Um buraco de minhoca, também conhecido pelos físicos como Ponte de Einstein-Rosen, é descrito como um túnel interligando dois pontos do espaço-tempo. Atravessando-o seria possível "saltar" de um ponto no espaço para outro, muito distante, sem precisar percorrer as longas distâncias que separam um do outro e sem precisar desafiar a ideia de que nada pode viajar mais rápido do que a luz.
Então por que nunca encontramos um buraco de minhoca, ao passo que já fizemos até imagens diretas de buracos negros?
Talvez já tenhamos encontrado, mas não tenhamos reconhecido porque um buraco de minhoca é virtualmente idêntico a um buraco negro, afirmam Valentin Deliyski e seus colegas da Universidade de Sófia, na Bulgária.
Polarização
Os físicos partiram do modelo mais comum de buraco negro, conhecido como "buraco negro de Schwarzschild", que é uma das três principais soluções matemáticas para explicar os buracos negros, e começaram a fazer uma comparação com um buraco de minhoca.
O objetivo era identificar diferenças entre os dois que pudessem dizer o que devemos procurar para ver um buraco de minhoca.
A atenção se voltou para a polarização linear de um disco de acreção que esteja situado em torno de uma classe de buracos de minhoca atravessáveis. Os resultados foram então comparados com imagens de buracos negros.
"Aplicando o modelo simplificado de um anel fluido magnetizado orbitando no plano equatorial, nós procuramos por assinaturas características, que poderiam distinguir espaços-tempos dos buracos de minhoca daqueles dos buracos negros por suas propriedades de polarização," explicou a equipe.
A surpresa é que as assinaturas dos dois - e suas imagens eventualmente detectadas pelos nossos observatórios - são extremamente semelhantes. Tão semelhantes que a equipe afirma que dados já coletados de buracos negros podem na verdade referir-se a buracos de minhoca.
Como separar um buraco de minhoca de um buraco negro
A boa notícia é que, de posse dos cálculos agora feitos, os astrônomos poderão voltar sua atenção para o desenvolvimento de câmeras e sensores que possam detectar as sutis diferenças de polarização entre os dois.
Outra recomendação feita pela equipe é que os astrônomos olhem com mais cuidado os candidatos a buracos negros/buracos de minhoca com maior ângulo de inclinação em relação à Terra, já que, com pequenos ângulos de inclinação, os dois tipos de objetos compactos levam a um padrão de polarização muito semelhante.
"Embora possa ser difícil distinguir espaços-tempos de buracos de minhoca por suas imagens polarizadas diretas, as imagens de lentes fortes e a polarização da radiação através da garganta do buraco de minhoca fornecem assinaturas características que podem servir como sondas para objetos sem horizonte [de eventos]," escreveu a equipe.