Com informações do ESO - 11/06/2015
Ampulheta cósmica
Algumas das imagens mais nítidas obtidas com o telescópio VLT do ESO, no Chile, revelaram o que parece ser uma estrela antiga dando origem a uma nebulosa planetária em forma da borboleta.
O feito foi possível graças ao SPHERE, um instrumento projetado para fotografar exoplanetas.
Ao fotografar a estrela gigante vermelha L2 Puppis, o SPHERE revelou que existe também uma companheira estelar próxima.
As fases finais das estrelas continuam a suscitar muitas questões aos astrônomos, incluindo a origem de uma nebulosa bipolar como esta, com a sua estranha e complexa forma de ampulheta.
A cerca de 200 anos-luz de distância, L2 Puppis é uma das gigantes vermelhas mais próximas da Terra que se sabe ter atingido já as fases finais da sua vida.
Óptica adaptativa extrema
O SPHERE consegue produzir imagens três vezes mais nítidas do que as obtidas com o Telescópio Espacial Hubble, o que explica a visão inédita da poeira que rodeia a L2 Puppis de forma extremamente detalhada.
O instrumento usa óptica adaptativa extrema para criar imagens com difração limitada, que estão muito mais próximo de atingir o limite teórico do telescópio se não houvesse atmosfera.
A óptica adaptativa extrema permite ver objetos muito tênues muito próximos de uma estrela brilhante - como exoplanetas. Estas imagens são também obtidas no visível, um comprimento de onda menor do que no infravermelho próximo, para os quais foram obtidas a maior parte das imagens anteriores com óptica adaptativa.
Estes dois fatores combinados dão origem a imagens significativamente mais nítidas do que as imagens anteriores.
Nascimento da nebulosa
Os astrônomos descobriram que o disco de poeira começa a cerca de 900 milhões de quilômetros da estrela - um pouco mais do que a distância do Sol a Júpiter - e que depois se espalha para o exterior, criando uma forma simétrica semelhante a um funil que rodeia a estrela.
A equipe observou também uma segunda fonte luminosa a cerca de 300 milhões de quilômetros - o dobro da distância da Terra ao Sol - de L2 Puppis. Esta companheira estelar muito próxima é muito provavelmente outra estrela gigante vermelha de massa similar, mas mais jovem.
"A origem das nebulosas planetárias bipolares é um dos grandes problemas clássicos da astrofísica moderna, especialmente a questão de saber exatamente como é que as estrelas liberam para o espaço a sua quantidade valiosa de metais - um processo importante, uma vez que este material será usado para produzir futuras gerações de sistemas planetários". disse Pierre Kervella, principal autor do artigo científico que descreve estes resultados.