Redação do Site Inovação Tecnológica - 16/11/2012
Células a jato
Cientistas já haviam apresentado o conceito da bioimpressão, usando materiais biologicamente compatíveis para a construção de primórdios de um sistema vascular artificial.
Agora eles deram um passo há muito esperado, demonstrando que é possível criar tintas com células vivas, sobretudo células que permanecem vivas durante o processo de impressão.
"As primeiras biotintas usadas na impressão celular a jato de tinta eram simplesmente soluções salinas," explica Marc in het Panhuis, da Universidade de Wollongong, na Austrália.
A concentração salina compromete a viabilidade das células, que também se agregam, entupindo o bocal de disparo do jato.
Tinta biológica
Os pesquisadores australianos usaram um biopolímero e dois surfactantes para distribuir as células vivas e reduzir a tensão superficial, otimizando a impressão a jato de biotinta.
A vantagem do biopolímero é que, além de evitar a agregação das células, sua maior densidade protege as células de danos mecânicos impostos pelas forças envolvidas no seu disparo e fixação na superfície definitiva.
"Nossa biotinta permitiu imprimir vários tipos de células em longos períodos de impressão, sem precisar mudar a cabeça de impressão e sem precisar reabastecer as soluções contendo as células," disse Panhuis.
Em termos práticos, isso significa que não é preciso ficar chacoalhando os cartuchos para garantir que as células permaneçam distribuídas de forma homogênea na biotinta.
Componentes biônicos
A equipe imprimiu as células vivas para que elas formassem padrões específicos em um colágeno, um substrato macio e úmido que funciona como um colchão para as células, evitando a sua desidratação.
A impressão jato de tinta já foi adaptada para fabricar microcircuitos eletrônicos e até lasers.
Imprimir tecidos vivos, contudo, é muito mais complicado e, para que a tecnologia seja totalmente prática, os cientistas terão que inventar formar de suprir oxigênio e nutrientes para que as células permaneçam vivas por longos períodos.
Quando eles conseguirem isto, a tecnologia poderá ajudar a criar componentes biônicos e eventualmente tecidos para implantes durante procedimentos médicos.