Com informações do ESO - 15/02/2020
Estrela encolhendo
O telescópio VLT, no Chile, capturou a diminuição de brilho de Betelgeuse, uma estrela supergigante vermelha localizada na constelação de Órion.
O fenômeno vem colocando os astrônomos em polvorosa. Embora a estrela sempre apresentasse pulsações, sua diminuição de brilho agora atingiu níveis sem precedentes.
As novas imagens da superfície da estrela mostram não apenas que o astro de dimensões descomunais - ela é 1.400 vezes maior do que o Sol - está perdendo brilho, mas também apresenta uma variação da sua forma aparente.
Há cerca de um ano, Betelgeuse vem apresentando uma diminuição de brilho - hoje ela tem apenas 36% do seu brilho normal, uma variação considerável, perceptível até a olho nu.
Tanto os entusiastas da astronomia como os astrônomos estão tentando descobrir o porquê desta diminuição de brilho sem precedentes.
Uma equipe liderada por Miguel Montargès, da Universidade de Leuven, na Bélgica, vem observando a estrela continuamente. As imagens destacam as mudanças que ocorreram na estrela, tanto em brilho como em forma aparente.
Betelgeuse vai explodir?
O que todos se perguntam é se esta diminuição de brilho da Betelgeuse significa que a estrela está prestes a explodir.
Tal como todas as supergigantes, um dia Betelgeuse irá transformar-se em uma supernova, e o processo começa com a estrela se encolhendo devido à sua própria massa colossal conforme vai ficando sem combustível.
Mas a equipe não acredita que isso esteja prestes a acontecer com Betelgeuse, tendo formulado outras hipóteses para explicar o que está causando as variações em forma e brilho observadas nas imagens.
"Os dois cenários em que estamos trabalhando são um arrefecimento da superfície devido a uma atividade estelar excepcional, ou ejeção de poeiras na nossa direção," explicou Montargès. "Claro que o nosso conhecimento de supergigantes vermelhas é ainda incompleto e este é um trabalho em curso, por isso podemos ainda ter alguma surpresa."
A atividade estelar à qual o astrônomo se refere, neste caso, são a convecção e a pulsação. A superfície irregular de Betelgeuse é composta por células convectivas gigantes, que se movem, diminuem e aumentam. E a estrela também apresenta pulsações, tal como o bater de um coração, variando em brilho periodicamente.
Atualização 27/02/20
Novos dados indicam que a estrela começou a recuperar seu brilho. As fontes e causas desta oscilação inédita permanecem desconhecidos.