Redação do Site Inovação Tecnológica - 07/10/2022
Bateria de grande autonomia
Engenheiros coreanos "depenaram" uma bateria de íons de lítio, arrancando dela o ânodo, o eletrodo positivo, dando à bateria uma capacidade de carga nunca antes alcançada.
A bateria sem ânodo atingiu uma densidade volumétrica de energia de 977 watts por litro (Wh/L), o que é 40% maior do que as baterias de íons de lítio disponíveis no mercado, que ficam ao redor dos 700 Wh/L.
Isso significa que, equipando um veículo elétrico, uma bateria com essa arquitetura pode durar 630 km com uma única carga, superando a autonomia da maioria dos veículos a combustão.
Bateria sem ânodo
O funcionamento normal de uma bateria geralmente degrada a estrutura dos materiais do ânodo, à medida que os íons de lítio fluem, entrando e saindo do eletrodo durante os repetidos ciclos de carregamento e descarregamento. É por isso que a capacidade da bateria diminui com o tempo.
Já se sabia que, se fosse possível carregar e descarregar apenas com um coletor de corrente anódico - sem materiais anódicos - a densidade de energia - que determina a capacidade da bateria - aumentaria. No entanto, esse método sempre apresentou uma fraqueza crítica, um aumento significativo do volume do ânodo, que incha porque não há armazenamento estável de lítio no ânodo, reduzindo o ciclo de vida da bateria.
Para resolver esse problema, Sungjin Cho e seus colegas da Universidade de Ciência e Tecnologia Pohang usaram um eletrólito líquido à base de carbonato, já bem conhecido, mas adicionaram um substrato condutor de íons.
O substrato não apenas forma uma camada protetora do ânodo, como também ajuda a minimizar o inchamento do eletrodo. Ele é composto pelo polímero polietilenoimina, prata, sal de lítio e negro de fumo, tudo aplicado na superfície de um coletor de corrente de cobre.
O protótipo manteve uma elevada capacidade (4,2 mAh cm-2) e alta densidade de corrente (2,1 mA cm-2) por um longo período no eletrólito líquido à base de carbonato. Uma aferição após os testes comprovou que o substrato de fato armazena o lítio, evitando o inchamento.
Bateria de estado sólido
E a equipe já deu um passo adiante, usando sua arquitetura para construir uma célula de estado sólido, uma nova geração de baterias que substitui os eletrólitos líquidos, colocados entre o ânodo e o cátodo, por eletrólitos sólidos, eliminando de vez o risco de incêndio e explosão.
Nesta segunda demonstração, a equipe usou como eletrólito sólido a argirodita, um mineral da classe dos sulfetos. Segundo os pesquisadores, isto pode ser o passo definitivo que faltava para levar essa nova geração de baterias para o mercado.