Redação do Site Inovação Tecnológica - 09/09/2020
FM cósmica
Uma campanha de observação de busca por inteligências extraterrestres (SETI: search for extraterrestrial intelligence) terminou sem encontrar vestígios dos ETs.
Ou, pelo menos, qualquer inteligência extraterrestre que calhe de viver no ponto do céu vasculhado pela equipe não encontrou nas frequências de FM um meio adequado para enviar comunicações de longa distância.
E os professores Chenoa Tremblay e Steven Tingay também não parecem muito pacientes: enquanto o Projeto SETI tradicional, atualmente sediado na Universidade de Berkeley, trabalha há mais de 40 anos analisando dados, a dupla australiana anunciou seus resultados depois de 17 horas de observações.
A dupla usou um radiotelescópio experimental, chamado MWA (Murchison Widefield Array), captando emissões de rádio similares às das rádios FM terrestres.
O detalhe é que precisariam ser emissões extremamente poderosas, consideradas pela dupla como "tecnoassinaturas" - para comparação, as transmissões de uma rádio FM terrestre têm um alcance de poucas dezenas de quilômetros.
"O MWA é um telescópio único, com um campo de visão extraordinariamente amplo, que nos permite observar milhões de estrelas simultaneamente. Observamos o céu ao redor da constelação da Vela por 17 horas, olhando mais de 100 vezes mais amplo e mais profundamente do que já havia sido feito. Com este conjunto de dados, não encontramos tecnoassinaturas - nenhum sinal de vida inteligente," disse a professora Chenoa Tremblay.
"E, embora este tenha sido um estudo realmente grande, a quantidade de espaço que examinamos foi o equivalente a tentar encontrar algo nos oceanos da Terra, mas procurando apenas em um volume de água equivalente a uma grande piscina de quintal. Como não podemos realmente supor como possíveis civilizações alienígenas podem utilizar a tecnologia, precisamos pesquisar de muitas maneiras diferentes. Usando radiotelescópios, podemos explorar um espaço de busca em oito dimensões," disse o professor Steven Tingay.
Bilhões em equipamentos e uma pitada de paciência
O radiotelescópio MWA é na verdade um precursor do longamente esperado SKA (Square Kilometre Array), um projeto orçado em €$1,7 bilhão que terá antenas espalhadas na Austrália e na África do Sul - em termos de "potência", é como se o MWA fosse do tamanho de uma cidade e o SKA do tamanho da Terra.
Com tal equipamento, o que se espera é que os astrônomos não queiram decidir a questão sobre a identificação de inteligências extraterrestres em apenas 17 horas de observação, em uma única frequência, e focando em um único ponto do espaço.