Com informações da ESA - 03/03/2012
Região de formação de estrelas
Uma equipe de astrônomos detectou, através dos telescópios espaciais Herschel, da ESA e Spitzer da NASA, mudanças surpreendentemente rápidas no brilho de estrelas embrionárias dentro da bem-conhecida Nebulosa de Órion.
As imagens obtidas pelo detector de infravermelho do Herschel, e por dois instrumentos do Spitzer, trabalhando em comprimentos de onda mais curtos, mostram uma imagem mais detalhada das estrelas em formação no coração deste que se tem como um dos objetos mais estudados pelos astrônomos.
A 1.350 anos-luz da Terra, esta é uma das poucas nebulosas visíveis a olho nu.
Ela contém a região de formação de grandes estrelas mais próxima da Terra, com uma luz ultravioleta intensa proveniente das estrelas jovens e quentes que transformam gases e poeira em uma zona brilhante.
Nascimento de uma estrela
O que agora se descobriu é que, dentro dessa poeira - oculta aos comprimentos de onda visíveis - há uma série de estrelas ainda mais jovens, na primeira fase da sua evolução.
A nova combinação de imagens de infravermelho longo e médio penetrou através da poeira obscura e revelou essas estrelas embrionárias.
Uma estrela se forma, acreditam os astrônomos, quando uma densa nuvem de gás e poeira se funde e colapsa sob a sua própria gravidade, criando uma proto-estrela quente central, rodeada por um disco em espiral e envolvida por um halo maior.
Grande parte desse material vai-se juntando em um redemoinho ao longo de centenas de milhares de anos, antes de ser acionada a fusão nuclear no coração da estrela, e esta se tornar uma estrela de pleno direito.
Alguns dos gases e da poeira remanescentes no disco podem passar a formar um sistema planetário - como se acredita ter acontecido com o nosso Sistema Solar.
Estrelas que piscam
Uma equipe de astrônomos liderados por Nicolas Billot, do Instituto de Radioastronomia Milimétrica, na Espanha, usou o telescópio Herschel para "fotografar" a Nebulosa de Órion uma vez por semana, durante seis semanas, no inverno e primavera do ano passado.
A câmara fotodetectora e o espectrômetro PACS do Herchel detectaram poeiras de partículas frias rodeando as proto-estrelas mais jovens em comprimentos de onda de infravermelho longo.
Estas observações foram combinadas com imagens de arquivo do Spitzer, obtidas em comprimentos de onda na zona dos infravermelhos curtos e médios, que mostram objetos mais velhos e quentes.
Os astrônomos ficaram surpresos ao ver que o brilho das estrelas jovens varia em mais de 20% em poucas semanas - deve-se levar em conta que o processo de acreção deveria levar anos ou mesmo séculos.
Em busca de novas teorias
Em certo sentido, o que os astrônomos descobriram é que sim, as estrelas piscam, e muito - então, que mudem as teorias.
Eles terão agora que encontrar uma explicação para este novo fenômeno, ainda não contemplado nos modelos de formação de estrelas atuais.
Uma possibilidade é que os filamentos de gás irregulares estejam afunilando do disco externo para as regiões centrais perto da estrela, aquecendo temporariamente o disco interior e fazendo-o brilhar.
Outro cenário possível é o material frio estar-se acumulando na borda interna e criando sombras no disco externo, fazendo com que este escureça temporariamente.
Em qualquer dos casos, está claro agora que a gestação de estrelas bebês é tudo, menos um processo suave e uniforme.
"Mais uma vez, as observações do Herschel nos surpreenderam e nos deram pistas interessantes sobre o que acontece durante as fases mais precoces da formação de estrelas e dos planetas," comentou Göran Pilbratt, do projeto Herschel da ESA.