Redação do Site Inovação Tecnológica - 05/05/2021
Estrelas de antimatéria
A antimatéria do gás hélio, ou anti-hélio-4, foi criado em laboratório pela primeira vez em 2011, em colisões de partículas no Laboratório Nacional de Brookhaven, nos EUA.
Na época, os cientistas afirmaram que, se o anti-hélio-4 fosse detectado vindo do espaço, então ele definitivamente teria que vir do processo de fusão dentro de uma antiestrela - uma estrela de antimatéria.
Embora antiestrelas sejam corpos celestes ainda especulativos, se elas forem reais poderão deixar assinaturas na forma de uma fraca emissão de raios gama, com picos de 70 MeV, quando partículas de matéria normal do meio interestelar caem sobre elas e são aniquiladas.
O experimento AMS-02 (Espectrômetro Magnético Alfa), instalado na Estação Espacial Internacional, não se fez de rogado, e como já vinha detectando um excesso de antimatéria, capturou oito átomos de anti-hélio, sendo seis de anti-hélio-3 e dois de anti-hélio-4.
Agora, três astrônomos da Universidade de Toulouse, na França, acreditam ter encontrado as possíveis antiestrelas - estrelas de antimatéria - de onde teriam vindo estes antiátomos nos arquivos de dados de emissões de raios gama do Telescópio Espacial Fermi, da NASA.
Antiestrelas
Os astrônomos analisaram 5.787 fontes de raios gama detectadas pelo Fermi e identificaram 14 candidatas a antiestrelas.
A equipe calcula que, se antiestrelas de fato se formam dentro das galáxias, ao lado das estrelas normais, então deve existir uma antiestrela para cada 400.000 estrelas comuns.
Se, por outro lado, as antiestrelas são primordiais, relíquias do Big Bang - a teoria diz que matéria e antimatéria devem ter-se formado em proporções iguais -, então até um quinto das estrelas poderiam ser antiestrelas, todas provavelmente residindo na parte mais antiga da galáxia, conhecida como halo.
Dada a natureza especulativa das antiestrelas, é bem possível que todos os 14 candidatos acabem por se encaixar em explicações bem mais mundanas. A própria equipe sugere que um possível próximo passo deveria ser verificar se as 14 fontes de raios gama emitem radiação eletromagnética em outros comprimentos de onda, que poderiam revelar que elas seriam na verdade núcleos galácticos ou pulsares ativos.
Por outro lado, se as antiestrelas forem mesmo reais, então elas deverão alterar radicalmente nossa visão da cosmologia, da astrofísica e até mesmo da física de partículas.