Redação do Site Inovação Tecnológica - 11/10/2023
Amostras do asteroide Bennu
A NASA apresentou hoje as amostras coletadas do asteroide Bennu pela sonda espacial Osiris-Rex.
As amostras foram capturadas do asteroide em 2020 e trazidas de volta à Terra, descendo de paraquedas no final de setembro. A sonda Osiris-Rex deixou as amostras e seguiu viagem rumo a outro asteroide.
O objetivo da coleta de amostras era de trazer ao menos 60 gramas de material de asteroide. Contudo, assim que a cápsula foi aberta descobriu-se que havia amostras também fora do invólucro, o que funcionou como um bônus inesperado. A NASA não anunciou dados precisos sobre a quantidade de amostras, apenas afirmando que "excedeu de longe os 60 gramas esperados". Algumas estimativas iniciais, com base no peso da cápsula, apontam que pode haver entre 150 e 250 gramas de material - para comparação, a sonda japonesa Hayabusa 2 trouxe apenas 5 gramas do asteroide Ryugu.
Nestas primeiras duas semanas, os cientistas realizaram análises rápidas desse material, coletando imagens de um microscópio eletrônico de varredura e fazendo medições por infravermelho, difração de raios X e análise de elementos químicos. A tomografia computadorizada de raios X também foi utilizada para produzir um modelo computacional 3D de uma das partículas, destacando seu interior diversificado.
Este vislumbre inicial forneceu evidências de carbono (quase 5% da amostra) e água, ambos na forma de argilas hidratadas. Isto mostra a possibilidade - ainda não comprovada - da existência de blocos elementares necessários à vida na Terra nas rochas do asteroide.
"A amostra Osiris-Rex é a maior amostra de asteroide rica em carbono já entregue à Terra e ajudará os cientistas a investigar as origens da vida no nosso planeta nas próximas gerações," disse o administrador da NASA, Bill Nelson. "Quase tudo o que fazemos na NASA procura responder a perguntas sobre quem somos e de onde viemos. Missões da NASA como a Osiris-Rex irão melhorar a nossa compreensão dos asteroides que podem ameaçar a Terra, ao mesmo tempo que nos dão uma ideia do que está além. A amostra fez seu caminho de volta à Terra, mas ainda há muita ciência por vir - ciência como nunca vimos antes."
Estudos atuais e futuros
Embora seja necessário um trabalho muito mais detalhado e demorado para compreender a natureza dos compostos de carbono existentes nas amostras, a descoberta inicial é um bom presságio para análises futuras. Na verdade, os segredos guardados nas rochas e na poeira do asteroide serão estudados por décadas - amostras coletadas na Lua nos anos 1970 são estudadas até hoje.
No caso as amostras do asteroide, o interesse centra-se sobretudo em como os materiais precursores da vida podem ter sido semeados na Terra e, analisando a consistência do material, descobrir quais precauções precisam ser tomadas para evitar colisões de asteroides com nosso planeta natal.
Durante os próximos dois anos, a equipe científica da missão continuará a caracterizar as amostras e a realizar as análises necessárias para cumprir os objetivos científicos da missão. Como parte do programa científico da Osiris-Rex, um grupo de mais de 200 cientistas de todo o mundo vai estudar as propriedades do regolito, incluindo pesquisadores de instituições dos EUA, JAXA (Agência de Exploração Aeroespacial do Japão), CSA (Agência Espacial Canadense) e outros cientistas de todo o mundo. Algumas amostras também serão emprestadas ao Instituto Smithsoniano, ao Centro Espacial de Houston e à Universidade do Arizona para exibição ao público.
A NASA também deixará intocada uma parte das amostras para pesquisas a serem feitas por futuras gerações de cientistas.