Redação do Site Inovação Tecnológica - 27/06/2006
Talvez você já tenha ouvido falar da Copa do Mundo de Futebol de Robôs; mas você já ouviu falar a respeito de se controlar um robô jogando futebol unicamente por meio do pensamento? E que tal se for um cão-robô? Pois foi justamente isso o que fizeram estudantes e professores do Instituto de Engenharia Neural, da Universidade de Tsinghua, na China.
Mas o sistema criado pelos médicos e engenheiros chineses vai bem além de uma simples brincadeira. Eles demonstraram uma nova interface cérebro-computador, capaz de controlar computadores ou equipamentos externos, utilizando unicamente as ondas cerebrais, captadas por um capacete repleto de sensores.
Já noticiamos aqui várias tentativas para se construir sensores cerebrais não intrusivos. É o caso da pesquisadora que está tentando transmitir senhas pelo pensamento e da mão robótica controlada por ondas cerebrais, apenas para citar os casos mais recentes.
Mas os chineses claramente saíram na frente. A grande vantagem de sua interface cérebro-computador está na praticidade da captura dos sinais cerebrais, feita por um "capacete" flexível e que não exige a raspagem dos cabelos. Mas se a comodidade pode viabilizar sua utilização, nada poderia ser feito sem o algoritmo - o programa que roda no computador - que é capaz de "entender" as ondas cerebrais captadas pelos sensores, transformando-as nos comandos para o equipamento que se deseja controlar.
Não conseguimos obter dos pesquisadores maiores detalhes sobre o sistema de sensores utilizados. Quanto ao software, ele está sendo patenteado, o que também impede que sejam dados maiores detalhes de como se dá a interpretação dos sinais cerebrais.
Enquanto outros dispositivos semelhantes exigem, por exemplo, que o usuário mova o braço para gerar um movimento equivalente, a nova interface chinesa exige apenas que se pense na ação, sem necessidade de se mover um só nervo.
É aí que entra o cãozinho-robô jogador de futebol. A demonstração envolveu a manipulação de um Aibo, fazendo-o movimentar uma bola na direção desejada, sem que o portador do capacete fizesse um só movimento.
"A atividade mental humana gera um certo tipo de ritmo e padrão espacial nas ondas cerebrais, que podem ser captadas na superfície da cabeça. Com a ajuda de um bio-amplificador de alto desempenho e de um algoritmo especial de computador, essa característica das ondas cerebrais pode ser extraída e classificada automaticamente para mostrar a classe dos estados mentais, em tempo real," explicou o Dr. Hong Bo, coordenador da pesquisa, em um comunicado da Universidade Tsinghua.
"A classificação dos estados mentais dada pelo computador pode ser mapeada em um comando pré-definido, que é então enviado para os equipamentos externos por meio de uma rede sem fios," conclui ele.
O sistema exige um pequeno treinamento do usuário. Mas a demonstração mostrou uma estudante rapidamente conseguindo fazer o cãozinho-robô virar para a direita e para a esquerda e chutar a bola. Tudo apenas pensando nos movimentos de seus próprios braços e pernas.
Mas a idéia vai bem além de brincar de futebol com um animal de estimação robótico. A reabilitação de pacientes que sofreram paralisias ou acidentes é a aplicação natural do sistema. E, quando totalmente desenvolvido, ele poderá servir também às pessoas que não possuem mais chances de recuperação. Apenas pensando, uma pessoa deficiente, por exemplo, poderá controlar virtualmente qualquer equipamento em uma casa devidamente preparada para isso.