Redação do Site Inovação Tecnológica - 01/03/2006
Robôs autônomos para pesquisas oceânicas já não são mais novidade: eles já estão em quase todos os mares, submergindo a profundidades abissais e, de tempos em tempos, emergindo para transmitir os dados coletados para um satélite. Além de monitorar o clima e mapear o fundo do mar, eles também são utilizados para procurar navios afundados.
A novidade é que agora os cientistas estão utilizando os seus "mergulhadores robóticos" para monitorar espécies de baleias que estão ameaçadas de extinção.
Tudo o que se sabe sobre a vida das baleias até hoje é baseado em observadores humanos, olhando os mares a partir de navios ou aviões. O resultado é que sabemos tudo sobre o que as baleias fazem durante o dia, mas só nos dias claros e com boa visibilidade e quando elas estão à flor d'água. O restante da vida desses importantíssimos predadores dos mares continua sendo um mistério.
Mistério que os pesquisadores do Woods Hole Oceanographic Institution, Estados Unidos, querem agora começar a desvendar. Eles querem tirar vantagem de outro método muito importante de se observar as baleias: monitorando-se o seu canto. As campanhas de pesquisa feitas até hoje nessa área estão restritas no tempo e no espaço, capturando apenas as vozes de baleias quando elas estão em determinados locais, onde os gravadores foram colocados, e durante um período bem definido.
Mas os robôs submarinos podem fazer muito mais. Submergindo a até 1.000 metros de profundidade, operando em qualquer condição climática e durante meses, levando uma infinidade de sensores e, principalmente, operando silenciosamente, eles poderão tornar-se a alternativa inequívoca para substituição das pesquisas com navios e aviões, que custam milhares de dólares por dia.
Apenas na campanha de testes, que durou cinco dias, os robôs já deram aos cientistas uma nova informação até agora desconhecida: as baleias sei (Balaenoptera borealis) vocalizam de forma específica quando estão caçando copépodos, uma espécie que lhes serve de alimento - e do qual elas só usufruem à noite, quando esses pequenos crustáceos saem do fundo do mar e vão à superfície.
Para ajudar a demonstrar a robustez da nova plataforma de pesquisas, uma tempestade tomou conta da área durante quase todo o período de coleta de dados, o que teria inviabilizado completamente qualquer pesquisa feita a partir de navios ou aviões. Mas os robôs mergulhadores operaram sem falhas e trouxeram todos os dados coletados sem qualquer interferência.
O próximo passo será aumentar o período de gravação dos cantos das baleias, além de desenvolver uma forma de relatar essas vocalizações em tempo real para os pesquisadores em terra, além de monitorar as vocalizações de alta freqüência de outros mamíferos marinhos, como os golfinhos.