Redação do Site Inovação Tecnológica - 13/05/2004
Os antigos mapas do mundo, com suas áreas desconhecidas e pouco delineadas, serviam de desafio para o exploradores, mas sempre impunham o medo natural que acompanha a expansão de novas fronteiras. Para os cientistas de hoje, exploradores de novas fronteiras do conhecimento, os "monstros d´além mar" estão não em mapas, mas em volumosas coleções de dados, que devem ser entendidas, organizadas e... transformadas em mapas.
A revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS) produziu um exemplar especial com 20 artigos de cientistas preocupados com o crescente problema da análise de grandes volumes de dados. Representando a informática, ciências cognitivas e da informação, matemática, geografia, psicologia e outros campos, esses pesquisadores apresentam tentativas para criar mapas da ciência a partir desse oceano crescente e revolto que são os dados digitais de experimentos.
"A ciência está se especializando em alta velocidade, o que leva a uma crescente fragmentação e reinvenção," explica Katy Börner, da Universidade de Indiana (Estados Unidos). "Mapas de bases de dados de publicações e outras fontes de dados podem ajudar a mostrar como os cientistas e os resultados científicos estão interconectados."
Estudantes poderiam utilizar esses mapas para ver se um plano de estudos abarca os tópicos principais da matéria, enquanto empresas se baseariam neles para fazer planos sobre como focalizar melhor seus investimentos. Agências de fomento poderiam manter um olho nas fronteiras da pesquisa e prever como as decisões de financiamento afetariam uma disciplina. Uma versão online desse mapa-múndi do conhecimento poderia ser uma interface efetiva para a principais bases de dados científicas do mundo.
"Em última instância, nós gostaríamos de ver um mapa da ciência nas escolas, tão comum quanto o mapa-múndi político," afirma Börner. "Os continentes poderiam representar as diversas áreas da ciência, e áreas intimamente relacionadas poderiam ficar localizadas no mesmo continente."
Vários dos artigos da revista descrevem formas de analisar coleções de artigos científicos e mapear "paisagens" que seres humanos possam ver e compreender. Alguns métodos, como o proposto por Simon Dennis, "lê" artigos científicos e utiliza um profundo entendimento do conteúdo como base para um mapa. Outros métodos utilizam redes de relacionamento entre os artigos, tais como citações de outros artigos, como bases para um mapa.
"Paisagens científicas" podem ter centenas de possíveis dimensões, o que representa um desafio para a criação de mapas de duas ou três dimensões. Esta é a opinião de Thomas Landauer. Já Elena Erosheva e seus colegas mostram que mapeamentos derivados de computadores podem não corresponder a categorias estabelecidas por humanos e que mais artigos poderiam ser tidos como interdisciplinares do que as classificações formais tradicionais fariam.
"Criar um mapa para toda a ciência irá requerer uma ciberinfraestrutura gigantesca," resume Börner. "O desafio irá envolver terabytes de dados - publicações, patentes, prêmios e outras bases de dados - software escalável e grande poder computacional. Esse esforço computacional é comum em Física e Biologia mas não nas ciências sociais. Entretanto, mapas da ciência irão beneficiar a todos."